O medicamento e o idoso: uma delicada relação

22/05/2019

Medicamentos tem papel essencial na cura, no diagnóstico, na prevenção de doenças e no alívio de sintomas, contribuindo para uma melhor qualidade de vida. Contudo, o seu uso irracional (mau uso) pode trazer graves consequências. Substâncias tais como vitaminas, suplementos ou fitoterápicos estão incluídas no rol dos medicamentos e também são potenciais causadores de danos.

Os danos causados por medicamentos, denominados eventos adversos a medicamentos, são uma preocupação mundial, principalmente na população idosa. Ocasionam idas a emergências, internações hospitalares, incapacidades, ou até mesmo a morte.

O idoso é mais propenso a sofrer eventos adversos a medicamentos por diversos motivos: acúmulo de doenças crônicas, maior uso de medicamentos, mudanças na composição do corpo (aumento de gordura e redução da água), aumento da sensibilidade a determinados princípios ativos, alterações na eliminação e na metabolização dos medicamentos, redução gradual da função dos rins, múltiplos médicos prescritores (aqueles que emitem a receita médica), dificuldades no entendimento da prescrição ou erros na tomada da medicação, dentre outros.

A especialidade médica Geriatria preza pelo uso racional de medicamentos com o foco na segurança do paciente. Em toda a consulta médica, o geriatra revisa a necessidade de cada um dos medicamentos, checa itens de autoprescrição (uso de medicamentos com tarja preta ou vermelha sem prescrição médica) e de automedicação não responsável (uso de medicamentos sem orientação médica ou de cirurgião-dentista), gerencia as prescrições de outras especialidades, revê as interações medicamentosas e faz a orientação em saúde necessária para o indivíduo, a depender das suas condições clínicas atuais.

O idoso tem papel importante no seu tratamento e pode auxiliar o profissional de saúde e evitar efeitos indesejados dos medicamentos com determinadas atitudes:

  • levar a todo estabelecimento de saúde uma lista atualizada dos medicamentos utilizados (com a dose e a frequência de uso);
  • seguir o tratamento medicamentoso e não medicamentoso proposto (ex: psicoterapia, atividade física, fisioterapia, entre outros);
  • registrar a data de início de tomada de novos medicamentos;
  • seguir as orientações de armazenamento dos medicamentos (evitar luz direta, locais quentes ou úmidos);
  • em caso de falta de entendimento da prescrição, tirar todas as suas dúvidas antes do término da consulta;
  • se tiver esquecimento, déficit auditivo ou visual, ir acompanhado às consultas;
  • evitar a compra de medicamentos fora de farmácias (ex: pela internet, por telefone);
  • não reaproveitar frascos de medicamentos;
  • atentar-se para a data de validade;
  • informar-se com profissional habilitado sobre sua doença, reações adversas esperadas e medicamentos contra indicados no seu caso e;
  • evitar a autoprescrição e a automedicação não responsável. Nem todo medicamento outrora prescrito será indicado no seu quadro clínico atual.

Roberta Parreira - Geriatra Titulada pela SBGG/AMB
Diretora de Defesa Profissional e Ética da SBGG-RJ